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"Portugal já tem quase meio milhão de jovens que não estudam nem trabalham

São os chamados “nem-nem”. Jovens entre os 15 e os 34 anos que não têm emprego, não estudam, nem estão em formação. De 2008 para cá, há mais 92 mil nesta situação.

 

Alheados da política
Em 2012, a Europa apresentava uma taxa de NEET de 13,2% para os mais jovens e de 20,6% para a faixa etária dos 25 aos 34 anos. Os países nórdicos, nomeadamente a Holanda, são os que apresentam taxas mais baixas. Portugal está nos primeiros dez lugares da tabela e faz parte do grupo de países como a Espanha em que a taxa de NEET foi muito influenciada pelo aumento do desemprego associado à crise.

“São pessoas que, mesmo tendo formação, não conseguiram entrar no mercado de trabalho. Estão desencorajadas. E não estamos a contar aqui com os jovens em situação de emprego precário e subemprego que não se podem dar ao luxo de ser NEET. Têm de sobreviver”, realça o investigador do Instituto de Ciências Sociais do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa).

O problema é que à medida que o tempo passa, quem está no vazio vai vendo a vida passar e, pouco a pouco, como diz Massimiliano Marcherini, vai surgindo “uma cicatriz” que se torna cada vez mais visível e que deixa estes jovens “alheados da política, e da participação cívica”, e com reduzidos níveis de autoconfiança e altos níveis de frustração, dificultando a sua saída dessa situação.

"Não somos preguiçosos nem piegas"
É dessa frustração que fala António (nome fictício), 25 anos. Terminou o mestrado em Engenharia Civil em 2011 e desde então a sua experiência no mercado de trabalho resumiu-se a um estágio de nove meses. “Cada dia que se abre o email, se correm os sites de emprego e no final nada se vê, é mais um dia que contribui para aumentar a nossa frustração”, conta num testemunho escrito que enviou ao PÚBLICO.

Depois do estágio já foi a várias entrevistas de emprego, mas quando chega o momento decisivo, António identifica dois problemas recorrentes: ou a empresa pretende um estágio apoiado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP ) e ele não preenche os requisitos  para se recandidatar, ou oferece salários que rondam os 600 euros, insuficientes para quem precisa de mudar de cidade para trabalhar. Concorreu a bolsas de investigação, ficou em primeiro lugar em duas delas, que acabaram por não se concretizar por falta de verba. Emigrar não está para já nos seus planos, mas não afasta a hipótese de voltar a estudar e “começar de novo”.

“Não somos preguiçosos nem piegas. Muitos de nós trabalharam e fizeram a sua parte com distinção para, no final, ficar apenas a frustração de tanto trabalho e potencial desperdiçado”, diz António, que receia nunca alcançar o “futuro prometido”.

Tiago Roça, 23 anos, terminou o mestrado em Educação Física antes do Verão, e ainda acredita nesse futuro. Tem enviado currículos, já foi a várias entrevistas mas, confessa, tem sido muito selectivo. “Para já não quero começar fora da minha área”, e também tem recusado part-timesque considera mal remunerados que têm aparecido na sua área. Em Janeiro começa uma formação de inglês e em Maio vai candidatar-se para dar aulas. Até essa prova de fogo, mantém-se optimista e recusa baixar os braços. Se for preciso, emigra. Mas para já será a última solução.

David Justino, ex-ministro da Educação, entende bem as expectativas defraudadas de que fala António e realça a perda que representa para o país ter quase meio milhão de jovens neste vazio. “Cada aluno que sai do ensino superior custa ao Estado 90 a 100 mil euros em termos médios. Sem contar com o investimento que as famílias fizeram. Veja o que estamos a desperdiçar”, indigna-se.

“Temos mais gente, mais bem qualificada e as oportunidades não correspondem. Andámos durante muito tempo a criar falsas oportunidades. Agora estamos sem qualquer oportunidade”, frisa em declarações ao PÚBLICO. A solução é apenas uma, defende: crescimento económico.

Massimiliano Mascherini vai mais longe: “Neste momento precisamos de qualquer tipo de emprego, seja ele subsidiado ou precário. No longo prazo temos de pensar na qualidade do emprego.”

Regressar a casa dos pais
De acordo com o Eurofound, em 2011, os prejuízos económicos resultantes da desvinculação dos jovens do mercado de trabalho foram de 153 mil milhões de euros. É uma estimativa prudente e correspondia a 1,2% do PIB europeu.

Em Portugal, o fenómeno dos “nem-nem” é mais expressivo entre os jovens adultos, dos 25 aos 34 anos, com uma taxa 18,9%, acima da média de 16,8%. Para a geração mais nova, dos 15 aos 24 anos, a taxa desce para 14,1%.

Entre estes jovens adultos, uns nunca saíram da casa dos pais, outros tiveram de voltar quando o desemprego lhes bateu à porta. Andreia (nome fictício), professora contratada, viu-se obrigada, aos 31 anos, a regressar a casa dos pais. O que mais a incomoda? “Estar presa em casa com um subsídio de desemprego, quando podíamos estar a trabalhar, na fase mais activa da nossa vida”, diz ao PÚBLICO. Custa-lhe ver os amigos a abandonar o país e diz que mais tarde ou mais cedo será ela também a ir para fora.

Mas na realidade, estes “nem-nem” já estão fora. Fora do mercado de trabalho, da escola, da formação. Parece que não há um lugar onde os colocar.

Uma das conclusões a que o Eurofound chega é preocupante. Depois de analisar os dados estatísticos, os investigadores concluíram que ser NEET – ou  na gíria “nem-nem” –  traz “consequências negativas graves para o indivíduo, a sociedade e a economia”. E concretizam que os períodos passados nessa condição podem conduzir “a um largo espectro de problemas sociais, como isolamento, trabalho precário e mal remunerado, criminalidade juvenil e patologias mentais e físicas”. Mas, acima de tudo, é a vida que pára. Liliana, por exemplo, não consegue olhar para o futuro e ver quando poderá sair da casa dos pais para fazer a sua própria vida."


RAQUEL MARTINS
  

24/11/2013 - 07:49

http://www.publico.pt/portugal/noticia/portugal-ja-tem-quase-meio-milhao-de-jovens-que-nao-estudam-nem-trabalham-1613702#/0

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Mensagem para José Sócrates: Obrigado José Sócrates pelo esforço que estás a fazer para esclarecer os cidadãos sobre a tortura que nos rodeia, que corrompe e destrói, não só física, não só por fora,  mas também por dentro, ou seja, atacando  não só as instituições e a sua estrutura organizativa e de funcionamento, mas, pior ainda, torturando as pessoas, consciente ou inconscientemente, na mais íntima dignidade do ser humano. 

 

Obrigado José Sócrates por nos teres feito compreender que os Governantes e Líderes partidários, mesmo em "Democracia", também nos torturam diariamente e à descarada, levando-nos ao sufoco, à miséria, à resignação,  à emigração,  à desistência, ou, se resistirmos, à expulsão, sendo que, se resistirmos ainda mais, nos levarão ao suicídio democrático,  partidário, social e humano.

 

Sim, os afastamentos, os constrangimentos e impedimentos à participação,  os favores para uns em detrimento de outros,  os jogos de corredor, os pagamentos de quotas, o baixar as calças por um lugar ou por um emprego digno, o ignorar, o desprezar, as pressões para  não incomodarmos ou até para desistirmos e sairmos pelos próprios pés, as ameaças de expulsão dos partidos, entre outras técnicas que uns dominam e todos nós conhecemos, também são técnicas e actos de tortura em plena Democracia.  

 

Obrigado José Sócrates por nos ensinares a resistir. Eu também lá vou resistindo a esta tortura. Não sei é por quanto mais tempo me aguentarei. Será que acabarei a ver morta a minha liberdade e dignidade? Se isto demorar muito tempo a mudar, é certamente o que vai acontecer.

Mas prefiro continuar a lutar do que abandonar aquilo em que acredito. Podem expulsar-nos de um número,  de um cartão ou de uma lista, podem até expulsar-nos do País, mas nunca nos afastarão da nossa terra nem da nossa gente e muito menos dos valores em que acreditamos.

VIVA A LIBERDADE! 

Era disto que estávamos a falar. Obrigado.

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