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Navego livremente entre a cidade e as serras (Baião«»Porto) Aquilo que me move é a entreajuda. Vou navegando na esperança de poder chegar a alguma pessoa ou lugar e poder ajudar. @Zé de Baião
Enquanto uns procuram iludir-nos com a excelência dos resultados, eu ao olhar para o estado do País, da vida dos portugueses e para a realidade destas duas sondagens, só posso mesmo é ficar cada vez mais preocupado.
Que se passa zé povo e zé político?
O problema continua a ser do foro neoliberal, sendo que a representatividade da democracia passou a sustentar-se num sistema politico-empresarial liberalizador e facilitador, cujos centros de decisão há muito saíram do seio dos partidos e do foro dos cidadãos/militantes.
Urge voltar a trazer o poder de decisão para o interior dos partidos e para os movimentos de cidadania.
Caso contrário, nada mudará e tudo continuará igual.
Ou se muda pacificamente, ou em breve todos serão atirados para o meio da rua.
Não continuem a brincar com o fogo!
“A CASA DOS FACILITADORES” (Por Telmo Vaz Pereira)
Os maiores grupos económicos portugueses dominam o Parlamento através das dezenas de parlamentares a quem garantem salários e consultadorias. Estes deputados colocam-se na posição ambígua que decorre duma dupla representação: do povo que os elegeu e das empresas que lhes pagam.
Assim, quando o deputado Miguel Frasquilho aparece a defender em público o Orçamento de 2014 em nome do PSD, fá-lo porque acredita que o Orçamento é bom para o País, ou porque este favorece a Banca, em particular o Grupo Espirito Santo ao qual deve obediência, enquanto funcionário?
A promiscuidade é, infelizmente, a regra. O presidente da comissão de Segurança Social, José Manuel Canavarro, é consultor do Montepio Geral, banco que actua na área da solidariedade.
Na saúde, sector tão sensível, o deputado Ricardo Baptista Leite, é consultor da Glintt Healthcare, empresa fornecedora de equipamentos hospitalares.
Na área da defesa, há interesses privados representados pelo actual presidente da Comissão de Defesa, Matos Correia, advogado no mesmo escritório que o seu antecessor na função, José Luis Arnaut, cujo principal sócio é o ex-ministro também da Defesa, Rui Pena.
Na comissão de agricultura, Manuel Isaac tutela em nome do Parlamento, um ministério que, por sua vez, influencia a atribuição de subsídios a empresas agrícolas em que detém participações.
Também Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola e accionista da Zon, está representada no Parlamento, através do deputado Paulo Mota Pinto, administrador daquela empresa de comunicações.
Os deputados acima mencionados são todos do PSD, com a excepção do Ministério da Agricultura, que obviamente é do tal Partido Unipessoal (PP/CDS).
Mas, mesmo assim, no debate sobre regime de incompatibilidades que não há muito tempo teve lugar no Parlamento, os deputados que transformaram a Assembleia, a casa da democracia, num escritório de negócios e favores, nem se dignaram a aparecer para se justificarem... Mas que lá continuam a ser deputedos, continuam”.
Tomando por base uma análise económica sobre a evolução do PIB real per capita em torno das últimas 100 crises sistémicas bancárias (1857-2013), dois economistas da Universidade de Harvard (Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, 2014), concluíram que serão necessários cerca de 8 anos para se atingir o início da real recuperação económica.
Assim, quem acredita que Portugal já estará a sair da crise, que não tenha grandes esperanças nem comece já a dar uso ao crédito descontrolado, sendo que, em 12 casos de crise sistémica, só a Alemanha e os EUA conseguiram sair dessas crises numa média de 5 a 6 anos.
Note-se que, no total das 100 crises estudadas, 43% sofreram duplas depressões, o que quer dizer que estes pequenos sinais de recuperação poderão ser apenas o sinal de mais uma queda.
Nunca nos devemos guiar por comparações feitas com os ciclos de negócio pós-guerras, sendo que essa recuperação pós-guerra em muito pouco poderá ser comparada com as crises sistémicas bancárias mundiais.
Quando andamos sucessivamente a comparar-nos com a Irlanda, não nos esqueçamos que, num total de 35 das piores crises sistémicas bancárias, a Irlanda apresenta um ranking de 26.
Neste estudo, conclui-se que parte dos custos desta crise se devem à natureza prolongada da recuperação. Se assim é, o que fazer então para que a recuperação não demore tanto tempo?
Veja aqui o gráfico apresentado recentemente pelos autores do estudo:
Este é o actual centro do poder. Como o regular?