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PS SOLOIPSISTA NÃO

por José Pereira (zedebaiao.com), em 25.07.14

É isto que sinto, é isto que penso, por isso vou deixa-lo aqui escrito

4 PONTOS QUE AINDA HOJE ME LEVAM A NÃO ALINHAR COM ALGUNS MODELOS DE LIDERANÇA POLÍTICA DISTRITAL E NACIONAL:


1 – O FALSO UNANIMISMO E O ETERNO COMODISMO INCONFORMADO
Já dizia Mário Socares que "UM POLÍTICO ASSUME-SE" - O unanimismo é característico da literatura de meados do século XX (Ex.s: Jules Romains em termos literários ou James M. Buchanan e Gordon Tullock - "The Calculus of Consent" (1962), havendo a tendência de traduzir a diversidade dos pensamentos e sentimentos, bem como a diversidade das impressões das vastas tendências sociopolíticas em algo muito generalista, que depois ninguém entende em termos programáticos e, ainda pior, em termos ideológicos. Os italianos definiam o unanimismo político como a tendência para ir ao encontro do consentimento unânime, sem antes se esclarecerem as diferenças/especificidades. Assim, ao não se consultar o coletivo, o objetivo do unanimismo político visa quase sempre a perduração dos mesmos no poder, do que a tendência para a expressão e devida representação do coletivo. Acresce ainda o facto de que a regra ou orientação para a candidatura ou para o voto unânime, tem servido apenas aos que já integram o sistema e a quem interessa continuar a concordar com a mesma. O mesmo sucede com os acordos de mercado económico-financeiro, sempre com o objetivo de favorecer o sistema político-empresarial já instalado.

 

2 – NÃO COMPREENDO UM MODO DE ESTAR POLÍTICO-IDEOLÓGICO SEM PREMISSAS
Sempre gostei de me esforçar por separar a familiaridade, a simpatia e mesmo a vizinhança, da política. O que é isso de “lealdade sem premissas”? Não se confunda lealdade político-partidária com jogos de lugares. Até a filiação partidária implica, para além da lealdade partidária, um determinado grau de compromisso, não para com os interesses pessoais/lugares dos candidatos, mas para com os ideais do partido e para com as pessoas/localidades/regiões/país.

 

3 – ABERTURA SOLIPSISTA (“solo ipse”)
A crença no “somente eu existo” e no “eu é que sou o melhor” é oriunda da corrente filosófica que reduz a consciência do todo à consciência do próprio, ou seja, ao seu “eu só” (solo ipse). Estes indivíduos acreditam que toda a existência externa é mera ilusão, tendo a visão de que para além do “eu” só existe a sua única experiência, julgando os solipsistas que são as suas e únicas experiências que configuram todo o mundo exterior.

 

4 – UM PARTIDO QUALIFICADO, INCLUSIVO E SEM SECTARISMOS (“contra os do Terreiro do Paço”!?)
Obama também costuma fazer bons discursos sobre o “Estado da União”, tal como Santo António também fez um excelente sermão dirigido aos peixes, tal como poderia ser dirigido aos "carneirinhos" que só servem para votar, para bater palmas e nem uma palavra dizer. Mas quanto a isto nem vou argumentar, bastará olhar para o que está a suceder no seio de PS e encetado pela actual liderança.
Deixo só duas breves notas:

 

  • Quanto à qualificação: Será que os melhores são os que estiveram nas listas do PSD durante 12 anos, a lutar e a votar sucessivamente contra nós? Inserir nas listas do PS, em lugares de topo, alguns dos sujeitos do PSD que lutaram contra nós durante 12 anos na Assembleia, será que dá expulsão dos nossos dirigentes? Ou será que o eleitoralismo os qualifica? É que ao contrário os militantes são expulsos.

 

  • Impedir cidadãos militantes de observar, comentar ou de participar livremente no desenrolar da política do município que dirigem será que é sinónimo de democratização ou de inclusão?

 

José Luís Carneiro eleições distrital PS Porto

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OS DISPENSÁVEIS: São os trabalhadores

por José Pereira (zedebaiao.com), em 25.07.14

A DIFERENÇA ENTRE RACIONALIDADE E RACIOCÍNIO: Todos sabemos que a dispensa de trabalhadores corresponde a serviços cada vez mais debilitados e a ser encerrados. Será que o objetivo é acabar com os serviços e aumentar a taxa de desemprego, bem como a da emigração?
QUE OBSCURIDADE É ESTA DE FUNCIONÁRIOS DISPENSÁVEIS? 

salários médio remuneração administração função pública


Vejamos alguns dados: 

Em 2007 tínhamos 5,17 milhões pessoas empregadas e, em 2013, 4,5 milhões.
São menos 650.000, o que corresponde a uma diminuição de cerca de 13%.


Tem sido este o rumo de destruição do emprego, de derrube das pequenas e médias empresas e ainda da debilidade/encerramento dos serviços públicos. Só nos setores da indústria e da construção são há menos 500.000 postos de trabalho!

 

A par da diminuição do emprego temos ainda uma desvalorização do valor do trabalho, associado à redução sucessiva das remunerações.
• de 14% entre 2011 e 2014;
• de cerca de 30% no mesmo período para o setor público!


É bom que não se perca de vista este caminho para um abismo que o Governo vai pintando com várias “cores”.

 

É também importante que se saliente que as remunerações do trabalho desceram para níveis abaixo dos 50% do PIB nos últimos 3 anos, em
oposição à tendência ascendente dos lucros dos grandes grupos económicos! As remunerações do trabalho perderam peso no total da economia situando-se em 48% do PIB em 2012, o mais baixo desde 1995.

 

O peso do excedente bruto de exploração (indicador que traduz a remuneração do fator capital) teve uma evolução marcadamente
descendente no período mais recente, tendo aumentado para 21,3% do PIB, em média, entre 2008 e 2013 (20,5%, em média, entre 2002 e 2007), chegando a superar os 22% do PIB em 2012, no auge da crise económica e social do país.


Esta situação revela bem o tipo de desenvolvimento que se está a desenhar para o país, dando prioridade à depreciação do fator trabalho,
através da redução dos respetivos custos em benefício dos lucros das grandes entidades patronais.


O resultado está à vista de todos! Ninguém o poderá negar! Basta olhar para as famílias que nos rodeiam.

 

 

Como se isto não bastasse, já começam a projetar o Orçamento de Estado com verbas insuficientes para salários e a solicitar que se mande ainda mais trabalhadores para os disponíveis/desemprego


Além da redução das despesas através do número de funcionários, este Governo também tem procurado diminuir os gastos com o valor dos salários. Embora o Tribunal Constitucional tenha chumbado o corte alargado de salários (que esteve em vigor entre Janeiro e Maio deste ano), o Orçamento de 2015 será desenhado usando este valor como referência.

 

"A orçamentação das remunerações é realizada com base nos pressupostos assumidos no Documento de Estratégia Orçamental (DEO 2014-2018), sendo aplicável 80% da redução remuneratória prevista na Lei do OE para 2014. Para este apuramento devem ser considerados os vencimentos de Maio de 2014", lê-se nas instruções de preparação do Orçamento.

 

Na prática, isto quer dizer que o Governo não está a querer deixar o Orçamento do próximo ano escapar às previsões de despesa que estavam desenhadas no DEO. Está a mandar os serviços aplicar a reversão de 20% dos cortes salariais, mas assumindo um nível de corte que já foi considerado ilegal pelos juízes do Palácio Ratton.

 

O Executivo já sabe que não pode contar com este nível de corte em 2015, mas prefere desenhar o Orçamento por baixo, mesmo que preveja já que o deverá corrigir. Referem que, "como referido na mesma circular, as dotações de despesas com pessoal serão ajustadas até à entrega da proposta do OE2015 em linha com as decisões que o Governo vier a tomar", explicou fonte oficial do Ministério das Finanças.

 

Tudo isto num ano em que o objectivo é cortar o défice de 4% (a previsão para 2014) para 2,5%.

 

Mas olhemos para alguns dados sobre a realidade da Administração Pública:

 

Reparem que o salário médio na Administração Pública ronda os 900€ (mesmo incluindo os quadros altamente qualificados, tais como médicos, enfermeiros, professores, técnicos superiores,...).

 

 

Remuneração base média mensal dos trabalhadores da Administração Pública

   

evolução dos salários médios na administração pública

 

 

 

Remuneração base média mensal dos trabalhadores da Administração Pública (Profissionais não qualificados)

 

Evolução salarial da administração pública até 2012

 

Remuneração base média mensal dos trabalhadores da Administração Pública (Profissionais semiqualificados)

 

 

salários remunerações administração pública

 

 

 

Remuneração base média mensal dos trabalhadores da Administração Pública (Profissionais altamente qualificados)

 

salários remunerações administração pública

 

 

Os Custos Unitários do Trabalho (Unit Labor Costs, em inglês) não são – ou não são apenas – uma medida da evolução dos salários. Para perceber como evoluíram os salários médios, é para as remunerações por trabalhador que temos de olhar. O mesmo relatório do FMI apresenta esses números.

 

2

Já agora, e apenas para reforçar que nestas coisas dos números é preciso ter algum cuidado, chamo a atenção para um problema perturbador de que me apercebi há alguns meses e que diz respeito a comparações público/privado – neste caso, o emprego público.

 

Basicamente, há (pelo menos) duas formas de apurar o número de funcionários públicos. A primeira é utilizar os registos administrativos da Direcção-Geral da Administração Pública. Estes números abrangem todos os funcionários que trabalham em entidades ‘públicas’ no sentido económico do termo, e independentemente da forma jurídica concreta que essas mesmas entidades assumam. Ou seja, incluem desde empresas públicas, como a REFER, até trabalhadores de repartições das Finanças.

 

Infelizmente, só a partir de 2011 é que a DGAEP começou a publicar estes dados. A série que apresento em baixo junta a série da DGAEP a uma estimativa provisória elaborada pelo INE, e que cobre apenas o ano de 2010. O emprego público até caiu mais do que o emprego privado, segundo estes dados.

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A outra fonte é o Inquérito ao Emprego (IE), um instrumento utilizado pelo INE calcular os principais indicadores do mercado laboral. O IE tem valores para um período bastante extenso, mas tem o inconveniente de não delimitar exactamente o sector público. Há uma única categoria claramente pública: ‘Administração Pública, Defesa e Segurança Social obrigatória’ – o resto, como hospitais, escolas e empresas dos transportes está espalhado pelo resto das categorias dispersas do INE.

Os quadros de baixo comparam o emprego do sector privado e do sector público utilizando dois métodos: i) Inquérito ao emprego, assumindo que apenas a ‘Administração Pública, Defesa e Segurança Social obrigatória’ é uma categoria pública; ii) Inquérito ao Emprego, assumindo que sectores da Educação e da Saúde são também públicas. Como se vê, a situação é tudo menos clara.

5

 

* Uma nota para puristas. Os ULC são habitualmente calculados utilizando valores das Contas Nacionais. Os ULC calculados pelo FMI são, aparentemente, obtidos através de uma mistura de fontes: Contas Nacionais e Inquérito ao Emprego. A mistura explica-se, provavelmente, pelo facto de só com este mix ser possível calcular os ULC para períodos anteriores a 2011, para o qual as Contas Nacionais não dispõem de números para o número de funcionários do sector público. E também explica o porquê de não ser possível (eu, pelo menos, não consegui) replicar as contas do FMI utilizando os dados ‘canónicos’ das Contas Nacionais.

 

NOTÍCIAS E ARTIGOS RELACIONADOS:
http://www.tvi24.iol.pt/economia---economia/dirigentes-estado-mobilidade-especial-rescisoes-amigaveis-funcionarios-publicos-oe-2015/1565379-6377.html

http://www.sbsi.pt/atividadesindical/informacao/on_line/Paginas/160%20Bancario%20online/Editorial.aspx

http://economico.sapo.pt/noticias/e-so-juntar-agua_198396.html

http://economico.sapo.pt/noticias/mal-menor_198397.html

http://economico.sapo.pt/noticias/dirigentes-tem-um-mes-para-escolher-funcionarios-publicos-dispensaveis_198119.html

http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=4039941&especial=Revistas%20de%20Imprensa&seccao=TV%20e%20MEDIA

http://videos.sapo.pt/78gaq4M8FCdj9oKFt4Y6

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