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Navego livremente entre a cidade e as serras (Baião«»Porto) Aquilo que me move é a entreajuda. Vou navegando na esperança de poder chegar a alguma pessoa ou lugar e poder ajudar. @Zé de Baião
Quem sabe muito mais de economia do que eu, mas também muito mais do que a maioria dos políticos e governantes (por exemplo Paul Krugman), tem a opinião abaixo referida e sobre a qual aqui procuro refletir e transpor para a realidade portuguesa.
Mas, antes disso, permitam-me referir que devemos esforçar-nos por manter a mente aberta e procurar conjugar diversas opiniões, sendo assim que aprendemos a formar e a melhorar a nossa própria e livre opinião e para melhor conduzir a nossa acção, a qual nos permite remar, seja a favor ou contra a maré, mas também provocar o necessário desassossego que nos poderá ajudar a mudar e a melhorar.
Não escrevo para ensinar economia, porque pouco ou nada sei, mas escrevo sobre economia, porque a sinto no bolso e no rosto das pessoas com quem me cruzo.
Face aos atropelos porque estamos a passar, creio que só não aprende quem se recusa a ouvir, a ler e a aprender e só não muda quem julga que está bem, mas que, na realidade, está é muito mal.
Se integra o grupo dos acomodados ou dos conformistas inconformados, tenha cuidado que as quedas estão próximas, sendo certo que, desta vez, afectarão muito mais quem julga que está bem e provocarão quedas tão profundas, que será difícil voltar a levantar-se.
Por isso, oiçam com muita atenção os silêncios, sendo que o silêncio político ou governativo diz-nos muito sobre o estado do país e da economia. Abram também os olhos e os ouvidos para os sons e vozes que sopram por esta "nova Europa".
Reparem que aqueles que sempre se julgaram donos e senhores do poder central instalado, de um dia para o outro, cairam num buraco tão fundo (de 40% para 4%) e de onde dificilmente se conseguirão levantar, mesmo que esses poderes político-empresariais centrais, acomodados e instalados, tenham do seu lado o cobarde e invisível poder económico/financeiro que tudo fará para estrangular qualquer povo e qualquer poder ou partido que tenha sido livre e democraticamente escolhido e eleito para governar e dirigir os destinos do seu povo/país.
Mas será que somos verdadeiramente livres e democratas ao ponto de podermos fazer as nossas escolhas e deixar os outros fazerem livremente as deles?
É que o poder capitalista, intrometido, escondido ou disfarçado, acomodado ou instalado, não gosta de um povo que tenha o poder da liberdade de escolha. Gosta sim é de um povo dependente e aprisionado aos poderes que servem os mercados e mercadores que assentam nas grandes praças financeiras.
Mas conseguirá um povo aprisionado escolher livremente o seu rumo e libertar-se dos tentáculos desse gigante poder financeiro e dos delírios dessa elite? Conseguirá algum dia o povo inverter a pirâmide do poder?
É cero que é difícil, mas não é impossível e muito menos será fatal. Fatal será continuarmos eternamente prisioneiros dos delírios dessa elite troikista e neoliberal capitalista.
Não sentem que algo está mal?
Eu sinto que estou mal e que tanta gente à minha volta está muito pior do que eu, sendo por isso quero livremente e democraticamente poder escolher e assumir as responsabilidades da minha mudança, mas não poderei escolher livremente o meu rumo com um poder económico já preparado para me atacar, estrangular e derrubar, tal como sentimos nas ameaças encetadas sobre o povo grego.
Por isso, não basta só mudar de paradigma político-partidário. É necessário enfrentar os delirios desta elite que detém o poder económico/financeiro e obriga-los a mudar, sob pena de serem forçados a ser governados e regulados, sendo que o poder tem de estar do lado do povo e não só ao serviço do capital.
Acredito que os modelos político-empresariais têm os dias contados, sendo por isso que, desta vez, quem vai ter de se moldar são as elites e não o povo.
O desenvolvimento humano, social e económico sustenta-se na paz e na justiça social e não na exploração de todo um povo que tem de viver eternamente miserável para que uma pequeníssima minoria possa deter mais de 90% da riqueza de um país, da Europa ou do Mundo. Veja-se que os 85 mais ricos do mundo têm tanto como a metade mais pobre e que, segundo o relatório da Oxfam demonstra e alerta para o facto do fosso entre pobres e ricos estar a acentuar-se, sendo estimado que em 2016 metade da riqueza mundial estrá nas mãos de apenas 1% da população
Nunca nos esqueçamos de como é feito o dinheiro e que o dinheiro é e deve sempre continuar a ser um bem público e estar ao serviço da justiça social e do intresse económico comum.
Mas vejamos e analisemos então qual é a opinião concreta de Paul Krugman:
Alexis Tsipras, líder da coligação de esquerda "radical" (Syriza), será o primeiro líder europeu eleito com uma promessa explícita de desafiar as elites e as as suas políticas de austeridade que têm prevalecido desde 2010.
Mas, como referi em cima e já seria de esperar, há já, claramente, muitas ilustres pessoas da "elite" (jogos de interesses instalados) a pressiona-lo para abandonar essa promessa e a "comportar-se " com "responsabilidade"!?.
Leram bem?
"Com responsabilidade"!!!
(Olhemos então com muita atenção para a "responsabilidade" dessa elite da austeridade!!!)
Como é que tem funcionado, até agora, essa coisa que apelidam de "responsabilidade"? Questiona e muito bem Paul Krugman.
Para entender o terremoto político ocorrido na Grécia, teremos de olhar com muita atenção para a Grécia de 2010 e para o "Pacto de Estabilidade" engendrado pela Troika e que, supostamente, assentava nessa coisa que apelidaram e continuam a apelidar de "responsabilidade", mas que deu no que já todos conhecemos, ou seja, austeridade em cima de austeridade, irresponsabilidade em cima de irresponsabilidade, e com o país, a economia e o povo cada vez pior.
Refere Paul Krugman que o tratado desenhado para a Grécia é um documento notável, mas pelos piores motivos!
Esta ilustre "elite", juntamente com a troika, fingindo ser "responsável", teimosa e realista, estava simplesmente e continuadamente a vender uma fantasia económica, enquanto o povo grego, tal como o povo português, continuou sempre a sofrer e a pagar, ano após ano e sem fim à vista, o preço dessa anunciada e apregoada "responsabilidade", que mais não é do que uns meros delírios de uma elite neoliberal capitalista muito, mas mesmo muito, irresponsável.
Como prova desses delírios de elite neoliberal capitalista, basta-nos olhar para os indicadores económicos e para os resultados que têm vindo a ser atingidos ao nível do crescimento da economia e do (des)emprego, para facilmente percebermos que os resultados da austeridade e das reformas, que haviam sido exigidas por essa ilustre e "responsável" elite e introduzidas pela Troika, vinham sendo cada vez piores.
Quando o tratado foi firmado, a Grécia já estava em recessão, mas as projeções dessa elite troikista continuavam a indicar e a defender o princípio de que esta crise iria acabar em breve - que haveria apenas uma pequena contração em 2011, e que em 2012 a Grécia estaria já em recuperação económica. Mas falharam e teimaram em continuar a insistir no mesmo erro e na mesma receita, quando sabiam perfeitamente que os resultados eram cada vez piores.
Como bem refere Paul Krugman, realmente conseguiram com que acontecesse um grande terramoto político, económico, social e humano.
Longe da crise terminar em 2011, como tanto anunciavam com a sua mais ilustre e elevada "responsabilidade", a recessão grega ganhou força e bateu no fundo.
Atendendo a que o nosso atual Governo PSD/CDS continua a alinhar pela mesma receita e subjugado à mesma elite, onde é que irá bater Portugal?
Com o tecido empresarial e comercial que temos, com a venda ao desbarato de empresas e estruturas estratégicas para o país, com uma das piores recessões económicas de sempre, com os portugueses a perder poder de compra, com uma política empresarial e laboral cada vez mais catastrófica e desmotivadora, com o desemprego em geral elevado e com o desemprego jovem ainda pior, com os mais qualificados a abandonar o nosso país, com o Estado Social e de Direito a falhar, com as instituições públicas, partidos e políticos já em descrédito total e com os cidadãos em geral já desesperados e sem qualquer restio de esperança, ...
Estaremos à espera de que Portugal e a vida dos portugueses chegue a que fundo?
Também nós já estamos bem lá no fundo!!!
Estaremos à espera que o nosso país chegue a tamanha profundidade e onde já não exista corda para nos resgatar?
Sentem mesmo alguma recuperação? Sentem que o nosso país e a Europa está melhor?
Não estaremos perante mais uma manobra de estatísticas e de nova ilusão de delírio da elite? Até já se produz novo dinheiro eletrónico para voltar a entregar aos bancos.
Não estaremos já resignados ou a viver o espírito "tuga" do ordeiro sofredor e do desenrasca?
Refere Paul Krugman que a "recuperação" em curso, tal como ela é, é pouco visível, não oferecendo nenhuma perspectiva de voltar para os padrões de vida anteriores à crise num futuro próximo e muito menos previsível.
Mas então o que é que tem estado errado?
Segundo Paul Krugman, é frequente ouvir nos delirios das referidas "elites" as sucessivas afirmações de que não estão a ser realizadas as promessas acordadas, que não estão a ser feitos os cortes prometidos, entre outros discursos delirantes que visam incutir o medo e o fatalismo, tudo para que se corte ainda mais.
Mas, como bem afirma P. Krugman, nada poderia estar mais longe da verdade.
Na realidade, a Grécia, tal como Portugal, impôs cortes drásticos nos serviços públicos, nos salários dos funcionários, nas reformas e noutros apoios sociais, chegando mesmo, em muitas situações, a ir até mais longe do que aquilo que havia determinado esta "elite" troikista, tudo graças a novas e ilustres receitas de austeridade sobre austeridade que eles próprios apelidam de "responsabiidade". São mesmo responsáveis por tudo isto!
Para que se perceba o caso da Grécia e também o de Portugal, graças a novas ondas repetidas de austeridade sobre austeridade, os gastos públicos foram cortados muito mais do que o programa original previa, sendo atualmente cerca de 20 por cento menor do que era em 2010.
Por isso, estaremos à espera de que?
Que os delírios de uma elite troikista e neoliberal capitalista liquide e arruine o nosso país, as nossas empresas, a nossa vida e a Europa?
Aceda aqui ao artigo de Paul Krugman