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Navego livremente entre a cidade e as serras (Baião«»Porto) Aquilo que me move é a entreajuda. Vou navegando na esperança de poder chegar a alguma pessoa ou lugar e poder ajudar. @Zé de Baião
Um livro é um mundo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive (Padre António Vieira). Estejamos cientes de que quando se procura fechar um livro abre-se a vida. (Pablo Neruda).
Desgosta-me a infinidade de romances desonestos, entendendo por desonestidade não a falta de valor intrínseco óbvio (isso existe em toda a parte) mas a rede de lucro rápido através da banalização da vida. (António Lobo Antunes)
Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho. É procurar compreendê-lo e, sempre que possível, fazer dele um amigo. (Hermann Hesse)
O livro é a grande memória dos séculos... se os livros desaparecessem, desapareceria a história e, seguramente, o homem. (Jorge Luís Borges)
Se faz todo o sentido dizer-se que pela grossura da camada de pó que cobre a lombada dos livros de uma biblioteca pública poderá medir-se a cultura de um povo (John Steinbeck), eu diria que, hoje, pela quantidade e qualidade das novelas, do futebol e dos reality shows, se pode agora medir a credibilidade e qualidade da política, dos políticos, da comunicação social e do Estado Social e Democrático em que hoje vivemos.
Como não é a "partidarite" e muito menos a "lugarite" que me move e me faz levantar os braços para trabalhar, os punhos para lutar e a cabeça para pensar, estou à vontade para comprar, pagar e ler os livros que entender, tendo há muito tomado a decisão de lutar pela união dos dois punhos e ir à luta pela libertação de todo e qualquer ser humano que já não tenha forças, meios ou coragem para se libertar das correntes da tortura, seja ela política, social, laboral, sexista, racial, homofóbica, económica, cirúrgica, pontual ou constante, que mantém muitos seres humanos fechados dentro de si próprios e acorrentados em pleno Estado de Direito Democrático.
Segundo a minha forma de estar, de viver e de querer confiar nos homens e no mundo, um ser humano e um livro deveriam merecer o nosso maior respeito, sendo que o ser humano e o livro (sempre imperfeitos na sua conceção, mas altivos no seu porte e tantas vezes excelentes na sua ação) são os melhores instrumentos que a sociedade tem, não para simples distração ou diversão, mas sobretudo para processar e motivar o ensino-aprendizagem que urge elevar em prol de um País, de uma Europa e de um Mundo melhor.
Referia o filósofo Balaise Pascal que o homem, face à imensidade da natureza, tanto pode ser um nada em comparação com o infinito, como pode ser tudo em face do nada.
Já o Padre António Vieira, cujos sermões são sempre muito atuais e que conta com uma vasta obra (30 volumes), ainda recentemente editada pelo Circulo de Leitores e entregue, em duplo reconhecimento, ao Papa Francisco, por altura do segundo aniversário do seu pontificado, referia que um livro é um mundo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.
Assim, face ás sábias citações, supra referidas, poderíamos concluir que apenas se deveriam ler os livros que nos picam e que nos mordem, sendo que, se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo? (Franz Kafka).
Um livro deve continuar a ser o machado que quebra o mar gelado que há nós, sendo que nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos (Padre António Vieira).
Mas passando do livro para o homem, será sempre bom relembrar que a grandeza do homem consiste no facto de ele ser uma ponte e não um fim, sendo que aquilo que nos pode agradar no homem é ele ser transição e queda. (F. Nietzsche). Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é igualmente infinita em todos. (Jean-Paul Sartre)
Conclui José Sócrates, na sua "memoire" (dissertação de mestrado), que aquilo que realmente nos deveria arrepiar é que o maior perigo chega hoje até nós pela mão das democracias, sendo nos países onde mais se avançou nas liberdades e nos direitos fundamentais que se forjou toda a doutrina da tortura. Por tal, as grandes questões e reflexões que se colocam deverão fazer-nos refletir profundamente, não apenas sobre quem já está preso ou acorrentado, mas especialmente sobre quem se mantém em liberdade, sobre quem nos continua a torturar e nos mantém acorrentados em pleno Estado de Direito Democrático.
Face a tudo que ultimamente temos vindo a assistir e a desmoronar-se, resta-me continuar a ler, a refletir, a agir e a desassossegar, sendo que já não sei o que mais possa pensar, nem que mais possa escrever ou dizer sobre Abril, sobre o nosso Portugal, sobre a Europa e sobre o Mundo. O Mundo somos nós e a liberdade é uma reconquista diária.
Apesar de escrever para desassossegar, gosto de pensar positivo, mas cada vez mais acredito que "um artefato nuclear está prestes a explodir", por isso, preparem-se, sendo que se eles têm poder e se eles podem, nós também "podemos".
Não tenham medo, sendo que isto não é uma guerra. É uma luta constante que tem de ser feita em democracia.
A libertação e a liberdade só depende de nós (tod@s). Trabalhemos diariamente para a (re)conquistar e merecer.
Se nos vendemos tão baratos, porque nos avaliamos tão caros?
Dizem que temos valor (os portugueses), mas que nos falta dinheiro e união, sendo por isso que todos nos prognosticam os fados que naturalmente se seguem destas infelizes premissas.
Relembremo-nos que todos os que na matéria de Portugal se governaram pelo discurso, erraram e se perderam. Ninguém tem seguido mais leis que as da própria conveniência. Imaginar o contrário é querer emendar o mundo, negar a experiência e esperar impossíveis. (Padre António Vieira)
Os 30 volumes da obra do padre António Vieira