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Navego livremente entre a cidade e as serras (Baião«»Porto) Aquilo que me move é a entreajuda. Vou navegando na esperança de poder chegar a alguma pessoa ou lugar e poder ajudar. @Zé de Baião
Caros Dr.s Carreiras e Cunhas, se têm dificuldades em conseguir um bom picheleiro ou pedreiro, comecem por cria-los entre os seus filhos e netos e vão ver que não custa nada, que é mais barato e que fazem melhor o serviço se não acederem à educação!
Ontem o Dr. Medina Carreira voltou à carga economicista sobre o Estado Social, tendo referido que "a educação, o ensino superior, a ciência e a investigação são uma burla social e financeira". Pois eu discordo por completo, sendo que o Dr. Medina Carreira demonstrou pouco ou nada saber de Educação, de Ciência e de Desenvolvimento.
O Dr. Medina Carreira, pode entender muito de contas, mas pouco parece perceber de apuramento de resultados! Mais parece um homem do antigo regime a defender os lugares de topo só para os seus filhos e netos e a eterna reprodução social com base na discriminação e exclusão das classes mais pobres da educação, da cultura e do ensino superior. Já em 2010 o Dr. Medina Carreira havia debitado que o Estado Social era uma "burla".
Mas quem é que tem andado a burlar e a enganar o povo?
São as Instituições de Ensino e os professores?
Ou será que incomoda demasiado a transferência de competências e de capacidades reflexivas e críticas por via da educação e ensino superior?
Já desempenhei muitas actividades para as quais parece não ser necessário qualquer ensino secundário ou curso superior, mas mesmo trabalhando no que quer que seja, eu senti e sinto que a democratização da educação, do ensino superior, da ciência, da investigação e da cultura tem valido a pena e tem conseguido fazer melhores cidadãos e excelentes profissionais. Pode é incomodar muitos senhores que julgavam serem os donos do conhecimento e das competências de desenvolvimento.
Eu, que sou um filho de Abril e com todo o percurso educativo apoiado pelo Estado Social, não me sinto nada burlado nem burlão e muito menos que tenha sido excessivamente apoiado, sendo que o retorno daquilo que investiram em mim, eu estou hoje a devolvê-lo à sociedade, sobretudo para que todos consigam chegar ainda mais longe em termos socioeducativos.
Senti e continuo a sentir que progredi e que dei um pequeno salto socioeducativo, sociocultural e sobretudo profissional, graças aos apoios do Estado Social (Educação Pública e Bolsas de Estudo).
Senti e continuo a sentir que em todo este percurso, na generalidade, fui bem educado/preparado e que me transmitiram diversas competências que me permitem hoje poder aprender e trabalhar mais e melhor, mas, também, para reflectir sobre as mais diversas declarações e programações televisivas que visam influenciar uma sociedade mal (in)formada, mas já relativamente bem qualificada.
Sinto e senti que ganhei coragem para escrever este texto, seja a qualquer picheleiro ou a qualquer doutor e engenheiro. Mas fui mais longe, sendo que também aprendi as competências necessárias para lhes poder apertar uma torneira, para lhes ligar ou desligar o interruptor da TV ou mesmo para lhes apertar alguns parafusos das suas máquinas de lavar cabeças.
É que a Educação e a formação superior, nas mais diversas áreas ou níveis, em nada impediu ou impede que se possa ser um bom electricista, um bom picheleiro, um excelente operário, um excelente administrativo, um excelente especialista ou técnico superior. Não ter possibilidades de acesso à educação/formação/especialização/progressão educativa é que impede muita coisa e entrava o desenvolvimento individual, social, cultural e profissional do nosso País, da Europa e do Mundo!
O que a actual linha ideológica economicista procura impedir, é que tenhamos acesso à educação, à tomada de consciência e sobretudo ao poder reflexivo e crítico, logo, visam de novo o caminho da ignorância e da subserviência aos "senhores drs." e aos seus filhos e netos que pretendem reproduzir à custa do direito retirado, de novo, a quem tem menores recursos económicos e que, por mais inteligentes que sejam, terão de continuar a ser pedreiros ou picheleiros.
Isso eu recuso-me a aceitar e lutarei para que não volte a acontecer!
O tempo dos drs. carreia, cunha ou da alta classe social tem de acabar. O mérito não se mede por essa bitola!
Não podemos voltar a deixar instalar uma sociedade de classes privilegiadas à custa de uma esmagadora maioria explorada e desprotegida socioeconomicamente.
VIVA A DEMOCRATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO, DO ENSINO SUPERIOR E DA INVESTIGAÇÃO - A TODOS OS NÍVEIS!