Navego livremente entre a cidade e as serras (Baião«»Porto)
Aquilo que me move é a entreajuda. Vou navegando na esperança de poder chegar a alguma pessoa ou lugar e poder ajudar. @Zé de Baião
"Porque é que as pessoas morrem? Perguntou-me a minha filha, uma criança de 3 anos.
Constatamos na literatura sobre a temática da morte e do luto, que as crianças até aos três anos não conseguem compreender muito bem a diferença entre a vida e a morte. No entanto, percebem muito bem a atmosfera e as emoções que são partilhadas.
Não sendo fácil explicar todo este contexto às crianças, devemos ter cuidados familiares e socioeducativos, designadamente no que respeita ao esclarecimento das crianças.
Numa página holandesa dedicada a questões educativas (http://www.ouders.nl) é explicado que esta matéria, sobre a morte e o luto, varia segundo a idade da criança, sendo dividida em quatro faixas etárias:
Até aos 3 anos: Não compreendem bem o contexto entre a vida e a morte.
Dos três aos seis anos: A diferença entre a vida e a morte já é bem percebida, mas é difícil compreender o caráter definitivo da morte. Nesta idade, as crianças tendem a fazer muitas perguntas, entre elas: "Será que vou/vais morrer?"; "Porque é que as pessoas morrem?"; "Para onde foi"? "Quando é que ela/ele volta?”, como se a distância entre a vida e a morte fosse ainda um período de espera ou mesmo um sonho.
Entre os seis e os nove anos: Nestas idades, as crianças já compreendem o caráter irreversível da morte, mesmo que o conceito de “para sempre” seja difícil de interpretar e de digerir. É sobretudo nestas idades que podem ser despoletadas vivências e sentimentos muito difíceis de interpretar e de gerir, geradores de insegurança, de ansiedade, de depressão, entre outros, sendo talvez por isso que as crianças tendem a negar a morte, vista como algo que ocorreu e desapareceu "para sempre".
Dos nove e os 12 anos: Nestas idades as crianças já conseguem compreender relativamente bem a diferença entre a vida e a morte. No entanto, são igualmente idades que requerem muita atenção, até porque as crianças vivem muitas vezes sozinhas os seus desgostos, pelo que os seus pais e educadores devem permanecer muito atentos. As crianças chegam até a demonstrar não estarem minimamente afetadas, construindo um muro entre elas e o sofrimento, procurando esconder as suas emoções, mas sofrendo muito sozinhas.
Algumas sugestões:
As crianças precisam de saber que irão ser cuidadas e estimadas, de se sentir importantes e envolvidas;
Falar e explicar gradualmente sobre o que aconteceu ou está a acontecer;
Evitar a expressão de emoções fortes junto das crianças;
Procurar formas suaves de partilhar de forma adequada o sofrimento;
Evitar os funerais se for previsto ocorrer situações de desespero e de expressão de grande sofrimento;
É muito importante envolver as crianças no quotidiano da vida e das brincadeiras e explicar que a vida continua;
Procurar suavizar a realidade recorrendo a histórias ou desenhos animados que vão preparando gradualmente as crianças para encarar a morte;
A verdade não deve ser escondida. Deve é ser bem explicada. Evitar dizer que está apenas a dormir, que agora é uma estrela ou que apenas ficou invisível;
Preparar as crianças para as visitas aos cemitérios, como forma de recordar a vida;
É extremamente importante preparar, acompanhar e apoiar a criança que possa vir a enfrentar a morte de um parente;
A adaptação da criança vai depender muito da adaptação dos adultos que a rodeiam. Por isso, todos devem estar o melhor preparados possível para lidar com as situações e com as crianças;
É importante dar espaço para as crianças poderem brincar, mas também chorar, falar, recordar.
Em 2017 morreram em todo o mundo 6,3 milhões de crianças e adolescentes (dos 0 aos 14 anos) por causas evitáveis — fazendo as contas, é uma morte a cada cinco segundos. Dessas, 5,4 milhões tinham menos de cinco anos e metade dos óbitos (2,5 milhões) ocorreram durante o primeiro mês de vida. Má nutrição, infecções e acidentes lideram a lista das causas de morte, de acordo com os relatórios conjuntos da UNICEF, da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas e do Banco Mundial.
Há muitas lutas para fazer e muitos vírus para combater.