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Navego livremente entre a cidade e as serras (Baião«»Porto) Aquilo que me move é a entreajuda. Vou navegando na esperança de poder chegar a alguma pessoa ou lugar e poder ajudar. @Zé de Baião
Há exatamente um mês atrás, referia eu aqui que os socialistas europeus (S&D) começavam a perder terreno/lugares, não se sabendo, na altura, que consequências viriam a ocorrer sobre o eleitorado europeu, sobretudo devido às medidas de austeridade introduzidas por toda a Europa e também sancionadas na França, nas últimas eleições autárquicas francesas, das quais o PS do Presidente Francois Hollande saiu derrotado.
Se no início de abril as sondagens indicavam um empate técnico entre os socialistas europeus (S&D/“PS” 212 deputados) e os Populares/Democratas Cristãos PPE/”PSD" 212 deputados), o facto é que, em meados de abril, as sondagens já indicavam uma significativa desvantagem, sendo que, pela primeira vez, o PPE ("PSD") passava significativamente para a frente dos socialistas (S&D), encontrando-se, há sensivelmente um mês, os Populares/Democratas Cristãos ("PSD") com 222 lugares previstos, contra 209 dos socialistas (S&D), sendo a diferença de 13 eurodeputados. Já nessa data era notório e preocupante (pelos menos para mim) o avanço da direita, sobretudo quando associado a um avanço significativo da extrema direita, sendo que esta (i)responsabilidade tem sido dos partidos de esquerda que, em vez de direcionarem o rumo para políticas sociais e económicas de matriz ideológica de esquerda, preferem rumar à direita e gerar intrigas entre os próprios.
Assim, dificilmente a Europa conseguirá mudar para melhor! Receio até que venha a piorar!
Eu, que até gosto de ser uma pessoa atenta, chego a ter dúvidas sobre o que realmente distingue os programas ou rumos políticos dos partidos do arco do poder, bem como sobre que mudanças e alternativas possam vir a ser realmente lançadas e concretizadas. Na minha opinião, a mudança sempre foi e será um processo, sendo por isso que não se decreta, estando exclusivamente depende da nossa capacidade de intervenção e exigência, a qual deve ser encetada tanto por dentro dos partidos, como por fora destes, sob pena de tudo continuar igual ou pior. Mas veja aqui o que distingue cada partido no essencial, faça as suas reflexões e tome as suas próprias decisões, mas sempre consciente e devidamente responsável e responsabilizador sobre o que está a fazer.
Já em plena campanha eleitoral, as últimas sondagens, realizadas nos diferentes países, voltam a indicar os idênticos resultados aos do início de abril, mas só no que respeita aos partidos do arco do poder, ou seja, com o PPE/”PSD" a voltar para a frente dos socialistas, com 212 deputados e os socialistas a perder de novo três lugares, baixando para os 209 deputados, parecendo uma ligeira diferença entre os grupos do arco do poder.
Mas será que essa ligeira diferença de três deputados pode tranquilizar os socialistas e a esquerda europeia?
Na minha ótica não!
Não, porque os partidos de direita e sobretudo os de extrema direita estão a avançar por toda a Europa, enquanto os partidos de esquerda se vão mantendo em meros jogos de intriga eleitoralista. A esquerda em vez de pensar no global só tem demonstrado estar preocupada com o particular, ou seja, com o umbigo de cada um dos seus próprios partidos. Não é assim que se conseguirá mudar a Europa!
Note-se que o Grupo da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE) sobe para os 63 deputados, os Conservadores e Reformistas (ECR) poderão superar os 43 deputados e prevê-se ainda um significativo aumento de deputados oriundos de partidos políticos mais à direita/nacionalistas/extremistas que poderão facilitar a constituição de novos grupos europarlamentares à direita do PPE e mesmo de extrema direita, como é o caso do partido de Le Pen que se prevê vir a ser o partido vencedor na França, com 23 lugares, ficando à frente da União EPP/Movimento Popular (UMP, 20 lugares) e dos socialistas (14 lugares). Reflita-se devidamente sobre o facto do eleitorado estar a caminhar para os extremismos da direita, sendo que, o terceiro grupo mais votado à direita do PPE poderá contar com muitos dos 95 deputados que para já constam como não-inscritos em grupos parlamentares, mas que poderão vir a ser liderados pela Frente Nacional de Marine Le Pen e reforçados por outros deputados nacionalistas e/ou extremistas oriundos da Holanda, da Áustria, da Bélgica, da Itália, da Eslováquia e da Suécia.
Por outro lado, temos o Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE / NGL/ “CDU + BE”) a não descolar dos 50 a 53 lugares/deputados e os Verdes/EFA abaixo dos 40 lugares/deputados.
Mas para que se tenha uma melhor noção das significativas alterações do eleitorado entre o mandato anterior e estas previsões, veja-se o quadro que se segue:
Relativamente ao caso de Portugal, ainda está tudo em aberto, quer em relação aos partidos do arco do poder, como aos diversos partidos, de fora do arco do poder, que poderão vir a ser surpreendidos pelo eleitorado descontente. Eu sinto um enorme afastamento dos partidos do arco do poder e sinto ainda uma apatia relativamente aos militantes e simpatizantes socialistas, tudo porque o rumo que foi alinhado caminha para políticas de centro direita e não para a esquerda.
Na Alemanha, os democratas-cristãos (CDU/CSU - 37 lugares) estão bem à frente dos social-democratas (27 lugares), prevendo-se ainda nove membros não-inscritos, entre os quais estão representantes de Eleitores Livres, que parecem mais propensos a participar do Grupo ALDE.
Na Itália, o Movimento Cinco Estrelas segue com uma previsão de 19 lugares, o EPP com 20 lugares e o Partido Democrático S&D com 27 lugares.
Na Polónia, a Plataforma Cívica (EPP – 18 lugares) caiu para trás do PiS (Grupo ECR – 19 lugares)
No Reino Unido, as previsões indicam o Partido da Independência do Reino Unido (Ukip) como o maior partido, com 24 lugares e os trabalhistas com 23.