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O PS não pode tornar-se no partido do medo de expulsão.

por José Pereira (zedebaiao.com), em 10.12.13

Caro Deputado Fernando Jesus e Caro Manuel dos Santos, eu que sou um "zé ninguém” e “filho” de Abril e os nossos caros amigos e camaradas que são uns "zés muita coisa” e “pais” de Abril, dirijo-me aos senhores porque têm idade para ser meus pais e porque sempre respeitei os mais velhos e com eles gostei de reflectir e de aprender. Por isso, permitam-me que lhes pergunte:

 

 

Se as declarações de Manuel Pizarro devem conduzir a um processo disciplinar, as reacções dos Senhores o que é que merecem?

 

É com estas reacções que nos educam e preparam para a participação cívica e política?

Ou estão a tentar “ensinar-nos” e a dizer-nos, à regime ou partido ditatorial, que qualquer desassossegador deve ter muito cuidado, senão leva um processo disciplinar e será expulso?

Que pensará um jovem socialista sobre isto?

Com que coragem fica para continuar a participar na sociedade, nos partidos e na vida cívica?

Partido do medo? Já bastam as atitudes do presente Governo e da ala neo-liberal capitalista do PSD.

Escrevo e falo única e exclusivamente pela minha cabeça, pelo que penso, pelo que acredito e pelo que sinto, sendo que não me encontro ao serviço de nenhum líder político só por estar e muito menos só para aplaudir ou para ver se me toca alguma coisa. A parte que eu quero que me toque é igual à parte que desejo possa tocar a todos nós/cidadãos. Encontro-me ao serviço de mim próprio e das causas em que acredito, preocupando-me sobretudo com o futuro de duas gerações, uma nova e outra idosa, que hoje se encontram sem grandes oportunidades, sem esperança e com muito baixos recursos económicos.

É verdade que sou muito crítico, provavelmente um "rebelde", mas também é verdade que a isto os políticos e “pais” de Abril me obrigaram, sendo que se tem vindo a constatar a crescente sujeira política e os jogos de interesses que há muito nos vinham arruinando e com os quais não íamos a lado nenhum positivo com o eterno comodismo, com a eterna subserviência, com o eterno consentimento, com o eterno falar para dentro, quando dentro ninguém ouve os de fora e se tenta afastar ou expulsar quem possa pensar, reflectir ou incomodar.

Parafraseando o Prof. Doutor Boaventura Sousa Santos, “se durante 40 anos tudo perdemos com o conformismo e comodismo, precisamos é de alguma rebeldia responsável e competente”, sendo que a resignação não nos levará a nada de melhor.

Temos vindo a constatar no interior dos partidos e nomeadamente no interior do PS, que o comodismo e o conformismo são sempre aclamados e, por outro lado, qualquer reflexão, qualquer desassossego ou rebeldia responsável é sempre condenada em prol do comodismo dos instalados no poder e no jogo de interesses. Por esse facto, eu vejo em cada acto de rebeldia responsável e consequente um processo de libertação dos militantes e da sociedade, sendo que todos os políticos e interesses instalados procuram a passividade para poderem perdurar no poder e manter os seus interesses já instalados. Eu saúdo todos os desassossegos, todos os descontentamentos e todas as manifestações responsáveis e consequentes como uma amostra de que os militantes e a sociedade podem e devem manifestar-se sempre que as condições da sua existência sejam tão injustas como são hoje.

Bem haja a quem ainda tem coragem para pensar pela própria cabeça e desassossegar, o que é cada vez mais difícil e mesmo castrador. Eu continuarei igual a mim próprio e continuarei a procurar despertar para a reflexão, mesmo que continuem a dizer, sucessivamente, que sou um mau militante e que devo levar um processo disciplinar para ser expulso. Poderei ser um mau militante, poderei não ter direito a um cartão, mas isso é-me irrelevante, porque enquanto tudo continuar igual, eu continuarei a ser um cidadão e um socialista desassossegador, sendo que para isso não necessito de um cartão. Podem retirar-me todos os cartões (alguns até agradeço que me retirem), mas nunca me retirarão as causas e os valores do socialismo em que acredito.

A rebeldia não é sinónimo de violência, nem é sair para a rua para destruir coisas ou o património. A rebeldia é um comportamento crítico útil à Democracia, à Sociedade e aos Partidos.

Como refere Boaventura Sousa Santos, um modelo social que tem poderes e recursos para resgatar os bancos, mas que não tem poderes ou recursos para resgatar a desesperança da juventude e dos idosos indefesos, acabará por criar campos de concentração, de exclusão social e de ódio!

 

Estou indignado e tenho todos os motivos e todo o direito à indignação!

 

 

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