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Navego livremente entre a cidade e as serras (Baião«»Porto) Aquilo que me move é a entreajuda. Vou navegando na esperança de poder chegar a alguma pessoa ou lugar e poder ajudar. @Zé de Baião
Esta foi uma frase que ouvi recentemente, enquanto esperava numa fila para comprar a recente “mémoire”(dissertação) de José Sócrates.
Não sei a que preço andam hoje os diamantes, mas o que sei é que aos diamantes muito poucos têm acesso e ferro velho todos nós temos a enferrujar nas nossas garagens.
Esta frase e o período prolongado de espera, levaram-me a uma pequena pesquisa sobre as filas de espera e a escrever esta pequena abordagem sobre a espera pelos líderes.
É natural que ninguém goste de estar por muito tempo à espera numa fila, sobretudo quando a mesma é desorganizada, quando há pessoas impacientes pelo produto e quando não há um banco para nos podermos sentar enquanto aguardamos ou uma televisão para nos entreter.
Com esta pequena brincadeira, cruzei-me com um estudo científico publicado no “Journal of Organisational Behaviour and Human Decision Processes” (Dai, X., & Fishbach, A. ,2013) , onde se conclui que as pessoas que têm a capacidade de resistir e de aguardar numa fila, minimamente organizados e ordenados, tornam-se mais pacientes e aumentam a sua capacidade para tomar melhores decisões, conseguindo assim atingir melhores resultados/recompensas no final.
Este estudo, desenvolvido pela Universidade de Chicago, conclui que, numa sociedade de esperada gratificação instantânea, os cidadãos que ainda têm a capacidade para resistir e esperar por algo, valorizam mais os bens ou serviços porque esperam e sentem mais profundamente que valeu a pena o período de espera e o bem que conseguiram adquirir. Conclui-se ainda que, para além da valorização dos bens ou serviços atingidos, aqueles que esperaram acabaram por tomar as melhores decisões.
Os cientistas sociais, sobretudo os psicólogos, estudam esta realidade no campo da “autopercepção”, ou seja, no âmbito da capacidade de dar tempo ao tempo e à reflexão para conseguirmos saber o que preferimos, em que é que acreditamos e o que é que realmente queremos, face à avaliação do nosso comportamento e à observação que fazemos sobre os comportamentos e as atitudes dos outros.
Refere a investigadora Ayelet Fishbach (2013) que, para além “das pessoas tenderem a valorizar mais as coisas no presente e a desvalorizar o seu valor no futuro” este estudo vem sugerir “que fazer as pessoas esperar para tomar uma decisão pode melhorar a sua paciência, pois o processo de espera faz com que esta pareça mais valiosa.”
Atendendo ao estudo e a que a espera era por um livro de José Sócrates, sobre “a tortura em democracia”, será que teremos de viver de novo numa ditadura ou num constante regime de tortura invisível, para darmos o devido valor à Democracia? Espero que não!
Por quanto mais tempo aguentaremos na fila?
Fonte: Dai, X., & Fishbach, A. (2013). When waiting to choose increases patience. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 121, 256-266.
Mensagem para José Sócrates: Obrigado José Sócrates pelo esforço que estás a fazer para esclarecer os cidadãos sobre a tortura que nos rodeia, que corrompe e destrói, não só física, não só por fora, mas também por dentro, ou seja, atacando não só as instituições e a sua estrutura organizativa e de funcionamento, mas, pior ainda, torturando as pessoas, consciente ou inconscientemente, na mais íntima dignidade do ser humano.
Obrigado José Sócrates por nos teres feito compreender que os Governantes e Líderes partidários, mesmo em "Democracia", também nos torturam diariamente e à descarada, levando-nos ao sufoco, à miséria, à resignação, à emigração, à desistência, ou, se resistirmos, à expulsão, sendo que, se resistirmos ainda mais, nos levarão ao suicídio democrático, partidário, social e humano.
Sim, os afastamentos, os constrangimentos e impedimentos à participação, os favores para uns em detrimento de outros, os jogos de corredor, os pagamentos de quotas, o baixar as calças por um lugar ou por um emprego digno, o ignorar, o desprezar, as pressões para não incomodarmos ou até para desistirmos e sairmos pelos próprios pés, as ameaças de expulsão dos partidos, entre outras técnicas que uns dominam e todos nós conhecemos, também são técnicas e actos de tortura em plena Democracia.
Obrigado José Sócrates por nos ensinares a resistir. Eu também lá vou resistindo a esta tortura. Não sei é por quanto mais tempo me aguentarei. Será que acabarei a ver morta a minha liberdade e dignidade? Se isto demorar muito tempo a mudar, é certamente o que vai acontecer.
Mas prefiro continuar a lutar do que abandonar aquilo em que acredito. Podem expulsar-nos de um número, de um cartão ou de uma lista, podem até expulsar-nos do País, mas nunca nos afastarão da nossa terra nem da nossa gente e muito menos dos valores em que acreditamos.
VIVA A LIBERDADE!
Era disto que estávamos a falar. Obrigado.